Fábio Pannunzio
O Mensalão é um escândalo que ofende a honra, a dignidade e os brios
dos brasileiros. Eleitos para governar conforme as regras da ética, da
decência, da moralidade, da impessoalidade e da legalidade, dirigente
petistas foram muito além nos primeiro anos Lula: construíram um esquema
de amealhar votos congressuais e comprar consciências com dinheiro
desviado de instituições como o Banco do Brasil, como ficou sobejamente
demosntrado na peça de acusação assinada pelo então Procurador-Geral da
República Antônio Fernando de Souza.
A despeito de todas as provas e indícios e da contundência da
denúncia, foi preciso uma ação enérgica do atual presidente do STF,
Carlos Ayres Britto, para que o processo saísse da gaveta do relator,
ministro Ricardo Levandowski, que por suas ligações evidentes com o
orquestrador do esquema estava sob suspeita de atuar em favor da
procrastinação do julgamento.
Ora, sete anos depois é impossível a qualquer cidadão
bem-intencionado afirmar que o tribunal constitucional está “com a faca
no pescoço”, pressionado por parte da opinião pública para “condenar”
José Dirceu e seus quase 40 cúmplices mensaleiros.
Também não é lícito nem razoável que áulicos do pior petismo e
penas-alugadas por estes venham publicamente desacreditar a ação para
assegurar a impunidade aos criminosos. Da mesma forma, aferrar-se à
peridiocidade dos pagamentos para afirmar que o Mensalão não existiu
constitui má-fé e manipulação explícitas.
O suborno distribuído a parlamentares picaretas por articuladores
igualmente picaretas é uma afronta à história da democracia brasileira.
Burlar as regras da ética e da legislação para compor uma maioria
parlamentar é conspurcar todos os limites da civilidade e da dignidade.
Não se pode explicar ou justificar o uso do suborno nem em nome de um
projeto de Poder sacrossanto, como se arroga o lulismo.
O que o País deseja — e há muito tempo — é que as Instituições
cumpram seus pressupostos. Cabe ao STF julgar os acusados. Ponto. Tentar
impedir que isso aconteça, quer pela via da chicana interminável, quer
pela via da pressão política indecente, é golpe contra o último bastião
da cidadania, o Poder Judiciário.
A partir do dia 2 de agosto, o STF começa a cumprir sua função. Não fará nada além disso.
Julgar é seu dever: condenar os culpados e absolver os inocentes, se houver.
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