O ministro Joaquim Barbosa é bem conhecido dos brasileiros. Elevado ao
grau de celebridade ao humilhar publicamente o então presidente do STF,
ministro Gilmar Mendes, em uma das mais polêmicas audiências do tribunal. Sem
papas na língua, Joaquim Barbosa disse a Mendes o que muitos brasileiros
queriam dizer a respeito da arrogância e da magnânima atuação de Gilmar Mendes
(sempre para o lado dos poderosos) envolvendo casos de corrupção.
Agora, o ministro volta às manchetes jogando mais uma vez no ventilador
ao desmascarar o descarado complô que é ensaiado pelos ministros do STF (a
maioria indicada pelo PT) para causar a prescrição dos crimes do Mensalão;
transformando em uma enorme pizza mal cheirosa o processo que poderia ser um
marco na moralização da política nacional e destruiria boa parte da cúpula
petista, ao colocá-la atrás das grades.
Tudo começou com uma entrevista "em banho-maria" do Ricardo
Lewandowski, revisor do caso. Nessa entrevista, Lewandowski deixou escapar que
o processo caminhava para a prescrição porque não haveria tempo hábil para
julgá-lo. Afinal de contas, o ministro Joaquim Barbosa havia tido uma série de
problemas de saúde e atrasara a entrega do seu relatório sobre o caso.
Com a celeuma levantada pela imprensa, o presidente do STF – ministro
Cezar Peluso – quis fazer "uma média" com a opinião pública e dar um
ar de legitimidade ao complô que se anunciava. Mandou redigir um ofício
instando Joaquim Barbosa a acelerar o processo e enviar os autos para análise
dos seus colegas o mais rápido possível.
Malandro... Cem anos de Lapa... E frequentador do Bar Luiz... O ministro
Joaquim Barbosa sentiu que era preparado um cenário para culpá-lo pela
prescrição do processo e tornar palatável para a opinião pública o desastre da
impunidade dos canalhas mensaleiros. Como homem que honra seu posto e de
coragem de sobra, Joaquim Barbosa pegou a "perna de anão" que lhe
entregaram – embrulhada para presente – jogou-a para o alto e acertou em cheio
o ventilador só STF.
Com uma declaração bombástica, desmascarou todo o esquema armado para
levar o processo à prescrição e inocentar a corja que se apoderou do país.
Disse: "Os autos, há mais de quatro anos, estão integralmente
digitalizados e disponíveis eletronicamente na base de dados do Supremo
Tribunal Federal, cuja senha de acesso é fornecida diretamente pelo secretário
de Tecnologia da Informação, autoridade subordinada ao presidente da Corte,
mediante simples requerimento".
Ou seja, mostrou com todas as palavras que os ministros ignoraram o
processo até agora simplesmente por preguiça ou por pura vontade de deixá-lo
prescrever, garantindo a absolvição do pessoal. Joaquim Barbosa ainda critica
"na lata" a falácia de que está "atrasado" com o processo:
"Com efeito, cuidava-se inicialmente de 40 acusados de alta qualificação
sob os prismas social/econômico/político, defendidos pelos mais importantes
criminalistas do país, alguns deles ostentando em seus currículos a condição de
ex-ocupantes de cargos de altíssimo relevo na estrutura do Estado brasileiro, e
com amplo acesso à alta direção dos meios de comunicação". Continua:
"Estamos diante de uma ação de natureza penal de dimensões inéditas na
História desta Corte".
Não satisfeito em desmascarar o claro acerto que há para que o processo
prescreva Barbosa ainda mostrou que "atrasados são os outros". O
processo do Mensalão tem 40 acusados, defendidos pelos mais caros advogados do
país, todos ocupantes de cargos de grande poder no Estado Brasileiro. O
processo tem mais de 49 mil páginas; 233 volumes e 495 apensos. Os réus
indicaram mais de 650 testemunhas de todo Brasil e até de outros países. Mesmo
diante de todo esse trabalho, o ministro Joaquim Barbosa manteve o trâmite
normal de trabalho no STF e ainda julgou inúmeras causas nesse período.
Enquanto isso, seus colegas, com ações envolvendo dois ou três acusados e que
foram iniciadas na mesma época; ainda sequer foram concluídas.(*)
Mais uma vez, "matou a cobra e mostrou o pau". Sem pudores e
sem medo, Joaquim Barbosa expõe claramente quem está comprometido com os
interesses dos corruptos e busca desculpas para justificar o injustificável.
Diante de tudo isso, pelo menos para mim, fica a ideia da quase certeza
em relação à prescrição do caso. Nem é preciso lembrar que um dos ministros indicados
por Lula, o ministro Dias Tófolli, foi colocado ali "sob medida" para
esse processo. Pois, para quem não se lembra, ele foi advogado de defesa de
José Dirceu.
Pelo menos, se tudo der errado, teremos visto a coragem e o
desprendimento do ministro Joaquim Barbosa dar um tapa na cara dos que tentavam
imputar-lhe a culpa pela prescrição. Se o processo acabar por prescrever e não
condenar ninguém; o desfecho terá sido por vontade dos ministros, sendo
necessário que eles arrumem outra desculpa esfarrapada para justificar a
cara-de-pau.
É como minha velha mãe dizia: "Mentira tem perna curta".