Carlos Chagas
Depois, ficam indignados quando a gente escreve ser tudo uma farsa.
Mas é. O atual Congresso, para não falar nos anteriores, nada fez até
agora para viabilizar a reforma política. Limitou-se a bancar o falso
esquartejador, anunciando que iria por partes, mas nada de importante
virou lei, quer dizer, nem limitação do número de partidos, nem
financiamento público de campanhas, nem voto distrital, muito menos fim
da reeleição.
Da mesma forma a presidente Dilma, que dizia ser a reforma política
uma necessidade urgente, mas da exclusiva competência do Congresso.
Onde está a farsa? No fato de que sequer este ano fizeram qualquer
coisa concreta, apesar de decorrido um semestre. Só agora, na véspera
das férias parlamentares e a um passo do recesso branco pré-eleitoral é
que voltam a anunciar a hora de mudar as instituições
político-partidárias. Placidamente, deixaram que o Judiciário ocupasse
todos os espaços. Os tribunais legislam sem ser incomodados.
Acordaram, Congresso e presidente, mas em plena madrugada.
Continuarão de pijamas. Nada farão, apesar do jogo de cena. Sequer
propostas pacíficas se desenvolverão, quanto mais as polêmicas.
Fica cada vez mais claro que nada mudará, no que depender do
Congresso e até do Executivo. Mas como é preciso demonstrar o contrário,
ocupam colunas de jornal e tempo nas telinhas e microfones anunciando
iniciativas de toda ordem. Também, como exigir de deputados e senadores
que alterem a lei e contrariem seus próprios interesses? Ou pretender
que a presidente da República crie dificuldades ao seu partido?
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