Paulo Peres
O governo brasileiro tem adotado diversas medidas para desonerar o
setor produtivo brasileiro. Entretanto, essa política tem sido
classificada como insuficiente para compensar os efeitos da crise
financeira internacional, afirmaram alguns economistas na Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp), durante o seminário que discutiu a Crise
Econômica. Para eles, essas políticas anticíclicas do governo estão no
caminho certo, mas o país não está imune aos problemas financeiros do
mundo.
Luiz Gonzaga Belluzzo, economista e professor titular aposentado da
Unicamp, discorda de quem classifica de tímida a atuação do governo. “Ao
contrário, eles estão usando estas medidas de maneira homeopática até
para ver o desenrolar da crise. O Brasil ainda tem espaço para se
utilizar de políticas anticíclicas, dada a estrutura da sua economia, da
sua posição hoje numa situação muito favorável”.
Segundo ele, a economia brasileira se preparou bem para enfrentar
abalos econômicos nos últimos dez anos e mostrou uma postura competente
assim que a crise chegou ao país em 2009. “Nós fomos competentes com as
políticas anticíclicas e na nossa reação à crise. Resistimos bravamente,
viemos de um ciclo de investimento e consumo muito elevado, o que foi
determinante na nossa reação”.
Para o economista, as consequências da crise são inevitáveis e
impossíveis de serem previstas, principalmente “se o cenário se agravar
muito”. Mas, há aspectos que deixam o país em uma posição “muito
peculiar” para enfrentá-las. “A economia aqui se tornou de consumo de
massas, pobre, mas ainda assim, de massas. É um país continental, dotado
de recursos importantes, enriquecido com a descoberta do pré-sal”.
“O sistema de bancos públicos pode ser melhor usado, desde que haja
um avanço na política industrial na política tecnologia e financeira,
além de se encontrar outros meios do país se financiar fora dos bancos
públicos e do capital externo”, propõe o economista José Carlos Braga,
professor da Unicamp. Ele também destacou o “bom momento” da economia
brasileira. “As condições ainda são favoráveis, o crescimento
está balanceado, e parece que temos uma presidente que está disposta a
enfrentar as questões mais preocupantes com uma postura firme”.
O presidente do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), o
sociólogo Mariano Francisco Laplane, lembrou que a maior parte das
medidas anunciadas no Brasil são problemas “seculares” do país. “São
medidas econômicas que tentam corrigir distorções que estão aí há muito
tempo. É irônico, mas ás vezes a crise oferece as condições favoráveis
para desbloquear problemas que não são priorizadas, como, por exemplo, a
queda na taxa de juros e o controle na taxa de câmbio, que estava
completamente desalinhado”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário