domingo, 28 de agosto de 2011

Presidente do PT avisa que Marta não irá desistir


Presidente do PT avisa que Marta não irá desistir Foto: AGÊNCIA ESTADO

Começa a virar o jogo da sucessão em São Paulo; apesar da pressão de Lula, Rui Falcão, presidente nacional do partido, sinaliza que a ex-prefeita Marta Suplicy será candidata; Fernando Haddad, a cada dia que passa, se enfraquece

28 de Agosto de 2011 às 00:07
247 – Há uma semana, diversas notas publicadas nas colunas políticas tratavam da iminente desistência da senadora Marta Suplicy à sua pré-candidatura em São Paulo. O motivo: ela, apesar da liderança nas pesquisas, não teria o apoio de Lula, nem da presidente Dilma Rousseff. E o candidato imposto ao Partido dos Trabalhadores, pelo “trator Lula”, seria o ministro da Educação, Fernando Haddad.
Aos poucos, o jogo começa a virar. Numa importante entrevista publicada nesta semana, concedida à revista Época, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, sinaliza que, a despeito da pressão de Lula, Marta não irá desistir. É a primeira voz no PT – e não qualquer voz, mas a do presidente – a se contrapor à do ex-presidente. “Nós estamos caminhando para uma prévia”, diz ele.
Falcão ainda dá algumas alfinetadas precisas em Lula e no seu candidato. Lembra que uma crítica que o ex-presidente fazia ao partido em São Paulo era o de não repetir candidatos – daí as derrotas para o Palácio dos Bandeirantes. E Lula, não custa lembrar, foi eleito presidente apenas na quarta tentativa. Em relação a Haddad, Falcão lembra que a renovação não é um bom argumento – pois deveria servir também para outros pré-candidatos, como Jilmar Tatto e Carlos Zaratini.
Fernando Haddad, que tem traço nas pesquisas, necessitava de uma aclamação dentro do PT. E sua candidatura tende a se fragilizar se não for rapidamente confirmada no partido. À medida que a eleição de 2012 se aproxima, a corrida tende a favorecer candidatos com maior recall nas pesquisas. Hoje, elas apontam Marta Suplicy com 30%, José Serra com 23% e Gabriel Chalita com 6%. Além disso, consolida-se a impressão de que Haddad necessita de um “padrinho” e não se impõe ao partido por seus próprios méritos.
Leia, abaixo, trechos da entrevista de Rui Falcão:
– O ex-presidente Lula está “tratorando” o PT ao bancar a candidatura do ministro da Educação, Fernando Haddad, a prefeito de São Paulo?
O Lula é a maior liderança do PT e sempre foi muito ouvido. Essa expressão “tratorando” não se aplica, porque, embora ele argumente e faça manifestar suas preferências, nunca impôs isso ao partido.
– Ele tem dito, referindo-se a Haddad, que São Paulo precisa de algo novo. A senadora Marta Suplicy diz que, se Lula quiser perder, fique com Haddad. Como se resolve esse conflito?
O Lula está chamando as pessoas para conversar. Ele não pediu para ninguém retirar sua candidatura. Então nós estamos caminhando para uma prévia, que está prevista no estatuto do PT.
– Dizer que Lula vai perder se for com Haddad não é uma provocação?
Não é provocação. Uma frase como essa puxa manchete, mas ela quis dizer o seguinte: “Eu conheço mais a cidade, eu tenho mais diálogo com a população e, portanto, eu sou a candidata favorita. Então, se alguém quer perder, apoie o outro candidato”. É uma avaliação, com base em pesquisa.
– O que vê de novo em Haddad?
O argumento da novidade não é bom para qualificar o Haddad, que tem outras qualidades. Novidade são também o Jilmar Tatto e o Carlos Zaratini [deputados petistas que também pleiteiam a vagado PT] porque conhecem a cidade, foram secretários e têm realizações para mostrar. No passado, o Lula já disse que um dos problemas do PT é que ele não repetia candidato.
– Sua candidata é a Marta?
Não tenho candidato. Como presidente do PT, não devo manifestar preferência neste momento.
– Marta pode abrir mão de sua pretensão à candidatura?
Meu feeling é que ela não vai desistir. Ela tem dito a apoiadores dela que vai continuar.

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