sábado, 20 de agosto de 2011

As diversas etapas da faxina

Carlos Chagas

Faxina que se preza envolve diversas etapas. Primeiro, a constatação de que há sujeira, após demorada observação em toda a  casa.  Verificada a necessidade da faxina, segue-se a escolha dos instrumentos a utilizar: vassoura, rodo, espanador, aspirador de pó, balde com água e desinfetante, esfregão, panos de chão e toda a parafernália subsequente.Uma vez recolhida a  sujeira, cabe à faxineira amontoar o lixo recolhido, isolando-o num canto, para a devida arrumação dos móveis já limpos,  entrando antes  a cera, a enceradeira, o lustrador  e sucedâneos. É claro que a  sujeira foi para a lata do lixo e esta para fora da  casa, onde será recolhida pelo lixeiro e  os caminhões da limpeza pública. Em se tratando de casas com quintal, pode-se até  botar fogo no lixo.                                                        
Transplantada para a administração pública, os tempos atuais e a disposição da presidente Dilma Rousseff, pode-se deduzir que a faxina encontra-se em plena execução. A dona da casa,  expressão do poder público, através da Polícia Federal, do Ministério Público, da CGU e outras entidades destinadas à verificação  da sujeira,  dedicam-se a identificá-la.  Ver  onde se localiza. São ajudadas pelos vizinhos que não se cansam de olhar pelas janelas e a sentir o odor desagradável da sujeira acumulada. No caso, a imprensa.                                                        
Disposta a presidente da República a promover a faxina, coube a ela vestir o avental e pôr mãos a obra.  Começar a separar o lixo, depois de identificá-lo,  afastando-o dos cômodos, perdão, dos ministérios  onde se acumulavam.                                                        
Até aqui a tarefa vem sendo desempenhada, até com rigor. Mesmo se sabendo que em cima e embaixo  de alguns móveis, estantes e armários  pode ser presumida mais sujeira, a ser removida sempre que detectada.                                                        
Dezenas de funcionários corruptos  foram afastados dos ministérios dos Transportes, da Agricultura e da Pesca, assim como três ministros já removidos, no caso o que deveria cuidar da cozinha e não cuidou, como Antônio Palocci, mais Alfredo Nascimento e Wagner Rossi. Tem outros na mora dos espanadores.                                                       
O lixo foi removido, ainda que mais possa ser encontrado.  Só que falta, agora,  dar-lhe destinação, etapa ainda não verificada. Quer dizer, o lixeiro, ou seja, o Poder Judiciário, deve recolher a sujeira. Levá-la para os lixões ou para  as usinas de tratamento. Torna-se urgente  processar os corruptos, presos alguns, em liberdade outros,  obrigando-os  a responder por seus atos. Condená-los.  De preferência determinando que devolvam o que foi roubado.                                                        
Assim se define a faxina, que  é preciso manter continuada e permanente.   Caso contrário, a sujeira volta. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário