Alguns recalcitrantes poderão alegar que seus cargos sempre estiveram à disposição da presidente, o que é verdade, mas, sem dúvida, a renúncia coletiva teria o efeito de evitar constrangimentos. Deixaria Dilma mais confortável para livrar-se de uns tantos ministros que não escolheu, engolidos como indicação dos partidos e do ex-presidente Lula.
Quanto aos novos, é evidente que serão objeto de sugestões da base partidária do governo, ainda que de forma bem diferente da formação do primeiro ministério. Seria a oportunidade de a presidente selecionar opções com base nas duas exigências que não conseguiu concretizar quando de sua posse: probidade e capacidade.
Por enquanto, a renúncia coletiva é apenas uma idéia, mesmo vista de soslaio precisamente pelos que temem ser substituídos. Poderá prosperar, em especial se o ministro Orlando Silva não se aguentar, na hipótese de surgirem novas denúncias e acusações contra ele.
ABSURDO
Desencadearam os juízes federais uma operação-padrão, paralisando o julgamento de ações onde a União é autora. Trata-se do primeiro passo para a greve. Reivindicam aumento de vencimentos e tentam, assim, constranger o governo. Convenhamos, é um absurdo. Certas carreiras são incompatíveis com a greve, suas preliminares e seus desdobramentos. O Poder Judiciário não tem o direito de apelar para a prerrogativa concedida aos assalariados em geral.
TIRANDO O QUE NÃO PODEM DAR
Vencedor dos gregos em Queronéia, Alexandre tornou-se rei da Macedônia com a morte do pai, Felipe. Preparava-se para conquistar o mundo quando, em Atenas, soube da existência de um sábio para ninguém botar defeito, famoso advogado que doara todos os seus bens e fora morar num barril, dando lições de ética e filosofia. Alexandre quis conhecê-lo, postando-se diante dele com todas as reverências e homenagens. Ofereceu-lhe tudo o que quisesse: palácios, tesouros, mulheres e poder.
Diógenes, sem levantar-se da abertura de sua singular residência, respondeu apenas: “Majestade, não me tires aquilo que não me podes dar”. Alexandre verificou estar entre o filosofo e o sol. Tão chocado ficou que retirou-se sem mais uma palavra.
A historinha se conta a propósito da informação de que o PT prepara uma patrulha virtual para atuar em redes sociais, fazendo propaganda de seu programa e rebatendo todas as críticas sofridas por parte dos meios de comunicação. Os companheiros vão invadir twitters, face-books, computadores e toda a parafernália eletrônica atual. Entrarão como intrusos na vida de milhares de pessoas. É o caso de perguntar se não estarão tirando de todos nós aquilo que não nos podem dar: tempo…
COMISSÃO DA VERDADE EM PONTO MORTO
Esbarra num obstáculo a votação da lei que cria a Comissão da Verdade: mesmo constituída para investigar a ação de agentes do poder público durante o regime militar, suspeitos de praticar tortura, violências variadas e até assassinatos, não haverá como os encarregados de tomar depoimentos evitem que os acusados deixem de referir-se ao outro lado.
Traduzindo: ao defender-se, citarão ações igualmente condenáveis dos empenhados na luta armada contra a ditadura. Vão dar nomes e expor situações, coisa capaz de complicar a vida de muita gente hoje no poder. Porque sequestros, assaltos e assassinatos também aconteceram por parte de seus adversários. A imprensa não deixará de reproduzir tudo, até mobilizando-se para ouvir réplicas e tréplicas.
(Transcrito da Tribuna da Imprensa)
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