Carlos Newton
No Brasil, determinadas verdades são absolutas. Por exemplo, a corrupção no Ministério dos Transportes. No tempo do DNER, era um verdadeiro festival. No governo FHC, mudaram o nome do Departamento, virou DNIT, mas a corrupção não diminuiu, muito pelo contrário.
Outra realidade imutável é a corrupção nos Detrans (Departamentos Estaduais de Trânsito). No Rio de Janeiro, como se fosse novidade haver irregularidades no governo Sergio Cabral, acabam de fazer uma pequeno devassa e descobriram até o envolvimento de deputados do PT. Nos outros Estados, o panorama não é diferente.
Uma operação que investiga um esquema de fraudes em licitações no Detran do Rio Grande do Norte terminou com 14 pessoas presas na semana passada. Segundo o Ministério Público, o esquema contava com a participação do ex-governador Iberê Ferreira e de sua antecessora Wilma de Faria (PSB), que não chegaram a ser presos, mas foram denunciados pelo Ministério Público como integrantes do esquema, que neste caso funcionou entre 2008 e 2010, período em que o Rio Grande do Norte foi governado pelos dois.
Entre os presos, o ex-deputado federal João Faustino (PSDB), atual suplente do senador e presidente do DEM, José Agripino. Faustino é acusado de fazer lobby para um consórcio envolvido no esquema. Segundo a Promotoria, o esquema terceirizou funções do Detran e, em 2009, culminou na aprovação de uma lei que estabeleceu a inspeção veicular obrigatória, que acabou beneficiando o consórcio Inspar, liderado pelo empresário George Olímpio da Silveira, apontado como chefe do grupo que promoveu as fraudes.
Ainda segundo a Promotoria, o ex-governador Ferreira é suspeito de ter recebido propina do empresário. Já Wilma, ainda de acordo com a Promotoria, ela chegou a mandar a minuta da lei que estabeleceu a inspeção veicular para a apreciação de Silveira, antes mesmo da Assembleia Legislativa ter acesso ao projeto.
Segundo o Ministério Público, o nível de envolvimento do consórcio com o governo era tamanho que os empresários chegaram a elaborar o edital de licitação e até ditaram respostas que o governo deveria dar para os concorrentes derrotados.
Respondam francamente: há alguma novidade nisso? Ou Detran, DNER, DNIT etc. não foram sempre sinônimo de corrupção?
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