Venezuela vai às urnas amanhã enquanto relatório da ONU diz que o país tem papel-chave no tráfico de drogas
Às vésperas das importantes eleições legislativas de amanhã, domingo, na Venezuela, circulam com intensidade, por obra da oposição e de ONGs, notícias desabonadoras provenientes da ONU sobre o papel do país no tráfico internacional de drogas.
Houve uma “deterioração” no combate ao narcotráfico na Venezuela do presidente Hugo Chávez, afirma o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc, sigla em inglês) da ONU. O país, continua o organismo, foi “ponto de origem de mais da metade dos carregamentos de cocaína interceptado no Atlântico nos últimos anos”.
Curiosamente, o órgão da ONU constatou que os embarques provenientes da Colômbia, maior produtor mundial da droga, “representaram apenas 5% do total”.
A Venezuela seria também a origem de “todas as remessas aéreas clandestinas de cocaína detectada na África Ocidental” e de vôos destinados a pistas clandestinas na América Central, especialmente em Honduras. Os países da África Ocidental, em geral ditaduras sem lei e onde grassa a corrupção, são os entrepostos para que a coca chegue à Europa. Honduras integra a rota para o mercado americano.
CHÁVEZ FAZ COMO LULA – O presidente Hugo Chávez que, como Lula no Brasil, percorreu o país inteiro fazendo propaganda para seus candidatos, alega que o país é na verdade “vítima” do narcotráfico, por se encontrar justamente no meio da rota entre o maior produtor mundial de coca, a Colômbia, e o maior mercado consumidor, os Estados Unidos. O informe da ONU “não corresponde à realidade”, disse Chávez, pedindo que seja retificado.
Não se sabe que impacto podem ter essas informações junto aos 17,5 milhões de eleitores venezuelanos, que estão desde ontem, sexta-feira, vivendo os chamados “dois dias de reflexão” antes de ir às urnas para eleger os 165 deputados da Assembléia Nacional. A Assembléia é dominada por partidos pró-Chávez depois que a oposição, em 2005, cometeu a loucura de boicotar as eleições daquele ano.
A OPOSIÇÃO E A “REVOLUÇÃO BOLIVARIANA” – Agora reunidos em maioria na chamada Mesa da Unidade Democrática, os partidos de oposição têm como meta impedir Chávez de alcançar maioria de dois terços (110 deputados), que lhe permitiria continuar fazendo o que tem feito até agora – o que lhe dá na telha e o aprofundamento, sabe Deus para onde, da chamada “revolução bolivariana” que iniciou há 11 anos.
Já chegaram a Caracas quase todos os 150 observadores internacionais que acompanharão as eleições, a convite da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), o que não retirou o temor da oposição sobre a plena lisura do pleito: 250 mil homens das politizadas Forças Armadas venezuelanas e mais 30 mil milicianos chavistas serão encarregados de “garantir a liberdade de voto”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário