Foto: AGÊNCIA BRASIL
PAULO SÉRGIO PASSOS (ESQ.), O TÉCNICO NOMEADO POR DILMA, TAMBÉM PRIVILEGIAVA EMPREITEIRAS QUE DOAVAM PARA O PR; EX-DIRETOR DO DNIT, JORGE HENRIQUE SADOK DE SÁ (CENTRO.) QUASE SAIU ALGEMADO DO CARGO. E LUIZ PAGOT (DIR.) AINDA ASSUSTA
Numa reportagem assinada por Claudio Dantas Sequeira e Lúcio Vaz, informa-se que, enquanto foi interino dos Transportes, no final do governo Lula, Passos liberou R$ 78 milhões em créditos suplementares para três grandes obras. De acordo com Istoé, “os empreendimentos constavam da lista de irregularidades graves do Tribunal de Contas da União, que identificou pagamentos antecipados, ausência de projeto executivo, fiscalização omissa e, é claro, superfaturamento”.
Leia, abaixo, um trecho da reportagem:
“Em vez de optar pela prudência, o ministro interino assumiu o risco de autorizar os repasses contra todas as determinações do órgão de controle. O caso poderia se resumir a um mero problema de gestão, mas, conforme apurou ISTOÉ, várias das empreiteiras beneficiadas pelos aportes extraordinários doaram milhões a candidatos do próprio PR durante a campanha eleitoral.
A campeã em doações foi a construtora Sanches Tripoloni, que repassou nada menos que R$ 2,5 milhões para o partido que controla os Transportes. Desse total, R$ 500 mil caíram diretamente na conta do comitê de Blairo Maggi, eleito senador por Mato Grosso e cotado para a pasta. Maggi foi beneficiado duplamente, pois Sinval Barbosa (PMDB), seu candidato ao governo de Mato Grosso, recebeu da mesma empreiteira mais R$ 1,2 milhão. As novas suspeitas de uso da máquina pública em benefício do Partido da República podem complicar a vida do recém-nomeado ministro. Para o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), os fartos indícios de corrupção e uso da máquina reforçam a necessidade de uma Comissão Parlamentar de Inquérito. “Essa conduta do Sérgio Passos é temerária, caracteriza o uso político-partidário dos Transportes”, afirma Rodrigues.
O PR também foi agraciado com a generosidade das construtoras Egesa e CMT Engenharia, parceiras da Tripoloni no consórcio responsável pela implantação e pavimentação da BR-265, em um trecho entre as divisas de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Nessa obra o TCU identificou sobrepreço, problemas fundiários e de segurança. Mesmo com recomendação de paralisação, Passos liberou R$ 40 milhões, a maior parte do crédito extraordinário. Meses depois, a Egesa Engenharia S/A, sozinha, doou R$ 850 mil para oito candidatos do partido. O deputado federal Aracely de Paula (MG) recebeu R$ 200 mil, Sandro Mabel (GO) levou R$ 100 mil, assim como José Henrique de Oliveira (AM) e Aelton José de Freitas (MG). O ex-líder do PR, Luciano Castro (RR), outro nome que chegou a ser cotado para substituir Alfredo Nascimento, recebeu R$ 50 mil da Egesa e mais R$ 200 mil da CMT Engenharia.
Já o consórcio das empreiteiras Carioca Engenharia, Serveng e SA Paulista, que recebeu R$ 20 milhões em créditos extras para a ampliação e reforma da BR-101 em um trecho na região metropolitana do Rio, repassou oficialmente para as contas do PR outros R$ 800 mil. Desse valor, R$ 400 mil saíram da Serveng diretamente para a campanha de reeleição do senador Magno Malta (ES), que tem o irmão Maurício Pereira Malta acomodado no quarto andar do Dnit na assessoria parlamentar. A construtora SA Paulista injetou mais R$ 100 mil no comitê eleitoral de Malta. O deputado federal Edson Giroto, outro nome cotado para os Transportes, também recebeu R$ 100 mil da Serveng.”
CPI no Congresso
O senador Randolfe Rodrigues afirma que já tem 23 assinaturas para a abertura da CPI no Senado, e só precisa de mais quatro para viabilizá-la. “A CPI não deve se limitar à questão do ex-ministro. Temos que investigar o funcionamento, toda a engrenagem dessa caixa-preta em que se transformou o Ministério dos Transportes”, disse à revista ISTOÉ.
Em meio a esse turbilhão, o jornalista Claudio Humberto, um dos colunistas mais bem informados de Brasília também informa que a presidente Dilma Rousseff cogitou acionar a Polícia Federal para que o ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) saísse algemado do cargo. Dilma teria ficado indignada ao saber que Sadok liberou R$ 18 milhões para a construtora de sua própria esposa, Ana Paula Batista Araújo. E só não acionou a PF porque foi contida pela turma do “deixa disso”.
Para completar, há ainda o fantasma de Luiz Antônio Pagot, chefe do Dnit, que continua assombrando Brasília. Oficialmente, ele está em férias. Mas ninguém confirma se ele voltará ou não a tomar posse no cargo. Pagot, indicado por Blairo Maggi, era o principal operador do Ministério.
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