Pedro do Coutto
Até o momento em que escrevo
este artigo surpreendentemente Manoel Dias, depois da entrevista a O
Globo, continua ministro do Trabalho. Nesta semana que está terminando
ele desafiou e ameaçou a presidente da República. Incrível. Na edição de
quinta-feira da Folha de São Paulo, Natuza Nery e Breno Caldas
publicaram reportagem sustentando que o Planalto está aceitando manter
Manoel Dias para que o PDT não deixe a coalizão de partidos que apoia o
governo. Dilma Rousseff, sustentam Natuza e Breno, estaria empenhada na
blindagem de Dias.
Se assim for a presidente
estará caindo num equívoco. Sobretudo em relação à sucessão presidencial
de 2014. Manoel Dias nada acrescenta ao governo. Ao contrário. Tira
votos. Sua presença na pasta contribui para desgastar a imagem do
governo, que inclusive se encontra em período de recuperação junto à
opini9ão pública, como as pesquisas vêm demonstrando.
Isso de um lado. De outro, ele
nada faz de positivo, esteriliza o peso político do Ministério do
Trabalho. Foi sufocado por uma onda de fraudes que terminou revelada
pela imprensa e acarretou a demissão de alguns de seus principais
auxiliares. Só ele não viu os desvios praticados através do repasse
ilegal de verbas para ONGS cujos recibos eram notas frias emitidas. O
que o Ministério do Trabalho pode fazer de útil e positivo, dentro da
lei, não entra em análise. Não se inclui na esfera de uma verdadeira
política. E, ainda por cima, não abrange os interesses legítimos dos cem
milhões de trabalhadores que formam a mão de obra ativa brasileira.
PEDIDO DE DESCULPAS?
O líder do PDT na Câmara,
André Figueiredo, informou à FSP que o ainda titular do Trabalho pensou
até em divulgar pela imprensa um pedido de desculpas à presidente Dilma
Rousseff. Seria algo nunca visto na política do país. Um ministro de
estado desculpar-se publicamente com a presidente da República. A que
níveis nosso cenário político conseguiu descer. Aceita-se a permanência
de um ministro inusitado apenas para que o PDT não deixe a base
governamental e, nas eleições de 2014, acrescente ao Planalto o tempo
que, pela lei, possui na televisão e no rádio. Não importa sua atuação
concreta à frente da pasta, não importam as fraudes que não conseguiu
impedir, importa o apoio do PDT. Falso apoio, por sinal. Um ministro
destrambelhado tira muito mais votos do que acrescenta.
E Dilma Rousseff precisa de
votos na disputa pela sua própria sucessão. Há problemas nos três
principais colégios eleitorais do país. São Paulo, Minas Gerais e Rio de
Janeiro. Em São Paulo, o candidato do PT, Eliseu Padilha, enfrenta uma
luta difícil contra o governador Geraldo Alckmim. Em Minas, base maior
de Aécio Neves, quem será o candidato do PT? Talvez Fernando Pimentel.
NO Rio de Janeiro, a base de Dilma encontra-se dividida entre Lindbergh
Farias (PT) e Luiz Fernando Pezão (PMDB) apoiado por Sérgio Cabral, que
se encontra em franco declínio. Existe ainda a candidatura Marcelo
Crivella, cuja votação oscila sempre em torno de 20%. E, ainda por
último, Anthony Garotinho, de boa penetração nos subúrbios e no norte
fluminense. Garotinho apoiará quem p ara presidente da República? Um
enigma a mais para 2014.
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