quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A segunda derrota de Lula

Carlos Chagas
Derrotado mesmo, durante seus oito anos de governo, o Lula só foi uma vez, quando o Senado revogou a CPMF.  Pois agora, fora da presidência da República, mas não do poder, o primeiro-companheiro arrisca-se a um segundo fracasso. Anuncia-se haver convocado os presidentes dos partidos da base de apoio do governo para convencê-los a votar o projeto de reforma política do PT, de autoria do deputado Henrique Fontana. Ainda esta semana, depois de conversar com as bancadas de seu partido, o ex-presidente abriria o leque, buscando convencer PMDB, PTB, PDT e penduricalhos. 
O problema é que não dá mais tempo,  se mesmo por milagre o Lula conseguisse maioria para o texto petista. Qualquer reforma político-eleitoral precisa ser aprovada até o dia 3 do próximo mês, se quiserem aplicá-la nas eleições municipais do ano que vem. Caso contrário, só valeria das eleições gerais de  2014 em diante.  Ora,  naquele ano  o Congresso inteiro estará jogando o seu futuro. Mil interesses conflitantes entrarão  em pauta.
Deputados e senadores não se entenderão de jeito nenhum para mudar as regras atuais, que mal ou bem, os beneficiaram para ser eleitos. O voto duplo, por exemplo, no partido e nos candidatos a  deputado estadual e deputado federal, com toda certeza será rejeitado. Servirá aos interesses do PT, mas o que dizer do PMDB e demais legendas, em especial as menores? E as de oposição?
O falso financiamento público das campanhas, que permitirá doações privadas, beneficiará os companheiros e os peemedebistas,  na medida em que mais recursos receberão as maiores bancadas. E os outros?                 
Ignora-se porque o ex-presidente lançou-se na missão quase impossível de realizar a reforma política. Talvez por falta do que fazer, quem sabe por haver esgotado seu cabedal para pronunciar conferências pelo mundo a fora. Muitos acham ter sido para preparar seu retorno ao palácio do Planalto, no mais breve tempo possível. Tanto faz a motivação, mas a verdade é que,  desta vez,  ele será derrotado. Não conseguirá convencer a maioria do Congresso a aprovar a reforma política.                                                               
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