Carlos Newton
Luiz Inácio Lula da Silva é um homem muito experiente. Sua vivência é
sem igual. Passou por terríveis dificuldades, sua formação cultural é
mínima, mesmo assim conseguiu se transformar num dos mais importantes
líderes políticos do mundo.
Seu prestígio no Brasil (e no exterior) é tamanho que ele se diverte
elegendo quem bem entende. Em 2010, lançou à Presidência o nome de
Dilma Rousseff, que jamais havia disputado eleição. Dois anos depois,
fez o mesmo com outro poste, Fernando Haddad, colocando-o com facilidade
na prefeitura da maior cidade do país, com o terceiro orçamento da
República.
Lula elegeu Dilma e jamais lhe passou pela cabeça que o poste pudesse
criar raízes e desafiá-lo na luta pelo poder. Quando a indicou (ou
melhor, impôs o nome dela ao PT), Lula achava que estava implícito um
acordo entre os dois. Dilma ficaria quatro anos e devolveria a
Presidência a ele. Nada mais justo, acreditava que Dilma lhe seria
eternamente agradecida. Mas o tempo passa…
AMBIÇÃO E INGRATIDÃO…
A vida é dinâmica, a ambição humana não tem limites; a ingratidão,
também. Lula ficou doente, Dilma se animou, era um bom motivo para
pleitear a reeleição. Mas Lula se recuperou, voltou a fazer política,
começou a discursar normalmente. Está curado. E passou incólume pela
grave crise do mensalão.
Em público, Lula diz que Dilma é a candidata do PT, mas também fala
claramente que pode voltar à Presidência, se houver necessidade. Diante
disso, Dilma ficou insegura, não confia nele. Sabe que a sedução do
poder é irresistível, Lula quer voltar ao Planalto/Alvorada e o PT lhe
obedece cehamente. Os dois então começaram a se desentender.
Em novembro, surgiu o caso Rosemary Noronha, no bojo da Operação
Porto Seguro, desfechada pela Polícia Federal “sem conhecimento” do
ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que estava pegando sol em
Fortaleza, vejam que coincidência.
VERSÕES E FATOS
Logo surgiram versões de que a Operação da Polícia Federal teria
partido diretamente da Presidência da República. Se é verdade ou não,
isso não tem mais importância.
O fato concreto, indesmentível e irrefutável, é que recentemente o
Planalto armou uma impressionante investida para destruir Rosemary,
usando a Comissão de Ética da Presidência a Controladoria Geral da União
e até o Itamaraty. Mas por que destruir Rosemary? Por que afrontar Lula
tão diretamente? Respondam.
Detalhe importantíssimo; esta é a primeira vez, desde que assumiu o
poder, que Dilma Rousseff é severa contra a corrupção, perseguindo um
peixe miúdo, depois de deixar tantos peixes graúdos escaparem, como os
ministros Antonio Palocci, Orlando Silva, Alfredo Nascimento, Pedro
Novaes, Mário Negromonte, Carlos Lupi e Wagner Rossi. Todos eles,
altamente corruptos, operando na casa dos bilhões, só foram demitidos
pela pressão da imprensa e da opinião pública.
Outro detalhe: Dilma até hoje protege o ainda ministro Fernando
Pimentel, que fez tráfico de influência e levou R$ 1 milhão da Federação
das Indústrias de Minas Gerais, tudo na maior desfaçatez, mas o
Planalto insiste em desconhecer a realidade e o mantém no cargo, como se
fosse um cidadão acima de qualquer suspeita.
Com todos esses megacorruptos, Dilma Rousseff e o Planalto foram
compreensivos, condescendentes e conciliadores, mas com Rosemary
Noronha, não. O próprio Planalto manda devassar a vida dela e depois
vaza as informações à imprensa, querendo destruir Rosemary (mas na
verdade querendo impedir que Lula volte a se candidatar).
O que está acontecendo é apenas isso – uma briga pelo poder, travada entre os dois candidatos de um mesmo partido.
Amanhã voltamos ao tema, sempre
com absoluta exclusividade, para analisar as
estratégias da ala lulista e da ala dilmista.
com absoluta exclusividade, para analisar as
estratégias da ala lulista e da ala dilmista.
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