BNDES e BB são os maiores credores da
usina de etanol de amigo de Lula De propriedade do pecuarista José
Carlos Bumlai, amigo pessoal do ex-presidente, a Usina São Fernando tem
uma dívida de R$ 1 bilhão com 15 instituições financeiras 24 de abril de
2013 | 21h 45 David Friedlander, de O Estado de S. Paulo SÃO PAULO -
Mais da metade da dívida bilionária da usina de açúcar e álcool do
empresário José Carlos Bumlai, amigo e conselheiro do ex-presidente Luis
Inácio Lula da Silva, está nas mãos de bancos do governo federal. A
Usina São Fernando entrou em recuperação judicial dias atrás e pendurou
uma dívida de R$ 1,2 bilhão. Desse montante, cerca de R$ 540 milhões são
financiamentos concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) e pelo Banco do Brasil (BB) ainda no governo
Lula. A São Fernando deve impostos, pagamentos a fornecedores e salários
de empregados, mas seu principal problema é com 15 bancos, credores de
mais de R$ 1 bilhão. Entre eles estão Bradesco, Santander, BTG, Itaú e
BNP. Mas as dívidas com essas instituições são bem inferiores aos cerca
de R$ 300 milhões que o BNDES tem a receber ou aos R$ 240 milhões
emprestados pelo BB. Foram essas duas instituições que financiaram a
construção da Usina São Fernando, localizada em Dourados, no Mato Grosso
do Sul. A operação com o BNDES foi aprovada em dezembro de 2008, logo
depois do início da crise financeira global, numa fase em que os bancos
privados se recolheram e pararam de emprestar. Mas o projeto da família
Bumlai já estava em andamento, embalado pelo estímulo do governo Lula ao
aumento da produção brasileira de etanol. "O BNDES financia a indústria
e o Banco do Brasil financia o agronegócio. São bancos voltados para
esse tipo de investimento", disse ao Estado o empresário Guilherme
Bumlai, filho de José Carlos. "É preciso separar as coisas: o amigo do
ex-presidente é meu pai, quem toca a usina sou eu e meu irmão Maurício".
Procurados, o BNDES e o BB não quiseram se manifestar. Amizade.
Pecuarista tradicional do Centro-Oeste, José Carlos Bumlai conheceu Lula
por intermédio do ex-governador do Mato Grosso do Sul, José Orcírio
Miranda, o Zeca do PT. Na campanha de 2002, o então candidato Lula
gravou peças para o horário político numa das fazendas de Bumlai.
Tornaram-se amigos a tal ponto que o pecuarista era recebido mesmo sem
marcar hora pelo ex-presidente no Palácio do Planalto. Bumlai virou uma
espécie de conselheiro de Lula para o agronegócio e passou a fazer parte
do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social de Lula. A ideia da
Usina São Fernando surgiu entre 2006 e 2007, numa parceria entre Bumlai e
uma família do agronegócio que progrediu muito no governo Lula, a
Bertin. Donos de um grupo de frigoríficos que foi fortemente apoiado
pelo BNDES, os Bertin acabaram quebrando e seus frigoríficos foram
comprados pelo concorrente JBS, com mais dinheiro do BNDES. Bumlai ficou
sozinho no negócio, mas as margens apertadas e o endividamento acabaram
pressionando a empresa. A usina, com capacidade para moer 4,8 milhões
de toneladas de cana por ano, faturou cerca de R$ 500 milhões no ano
passado
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