terça-feira, 6 de novembro de 2012

Vídeo de eleitor flagra máquina mudando voto de Obama para Romney

Eleitores também reclamam de longas filas, cédulas enormes e mesários mal treinados


RIO - Um eleitor da Pensilvânia postou um vídeo no Youtube em que a urna eletrônica mudou seu voto de Obama para Romney. Após vários questionamentos sobre a autenticidade da gravação, a rede americana NBC confirmou que a máquina foi retirada de serviço.
A gravação mostra apenas um dedo pressionando a tela, mais de uma vez, sobre o nome do democrata, mas a opção do republicano é que aparece selecionada. O eleitor, identificado apenas pelo nome de usuário no Youtube, "centralpavote", disse que testou também o voto na candidata independente Jill Stein, que foi marcada sem problemas.
- Em seguida, eu retirei a opção do nome dela e comecei a buscar onde estariam as "áreas ativas" (da tela sensível ao toque) para Romney. Desde o topo do "botão" de Romney até o fim do botão de Obama, estava tudo ativo para Romney - explicou, na descrição do vídeo no Youtube.
Outros eleitores, segundo ele, não relataram problemas. O autor do vídeo disse que chamou uma voluntária, mas ela afirmou que estava "tudo bem". Especulações sobre manipulação do vídeo começaram depois que algumas pessoas que assistiram o vídeo perceberam a ausência de alguns quadros (frames) da gravação.
- Não sou um cara de vídeo, mas se for possível provar se um vídeo foi alterado ou não, eu fornecerei com prazer a gravação bruta para quem quer que se disponha a fazê-lo. Os frames que “pulam” são resultado de uma câmera ruim do Android, nada mais.

Reclamações também de confusão com identidades e mau treinamento de mesários

O problema com a urna eletrônica não foi a única reclamação dos eleitores nesta terça-feira. Algumas reclamações esporádicas sobre os procedimentos de votação surgiram em diversos estados, desde a Pensilvânia até a Flórida nesta terça-feira. Grupos de observadores afirmam que houve confusão com a checagem de identidades na Pensilvânia, uma estado onde Obama espera ganhar, mas que nos últimos dias recebeu a visita de Mitt Romney, que tenta ampliar seu campo de batalha.
- Os mesários foram mal treinados injustamente. Eles estão mandando para casa pessoas que não estão com suas identidades. O estado da Pensilvânia deveria se envergonhar disso - afirmou numa coletiva de imprensa Barbara Arnwine, diretora executiva do Comitê de Direitos Civis dos Advogados.
No mês passado, um juiz negou o direito de o estado exigir identificação com fotografia dos eleitores no estado, um revés para os funcionários estaduais republicanos que defendiam a lei. A regra sobre a identidade na Pensilvânia está entre uma série de novas leis relacionadas aos votos, feitas principalmente por legisladores republicanos, em diversos estados desde 2011. Os tribunais têm julgado de forma mais dura as novas leis, ou pelo menos tentado adiá-las.
Zack Stalberg, presidente do Comitê de Setenta, um grupo de observadores da Filadélfia, afirmou que a maiores da centenas de ligações que o grupo vem recendo até agora é sobre a confusão com a exigência de identidades. Apesar disso, ele afirmou que apenas uma pequena porcentagem dessas ligações - cerca de 10% - são de eleitores que desistiram de votar ou então que viram pessoas desistindo após a falta de identificação.
Os republicanos também tiveram reclamações sobre a Pensilvânia. O partido obteve uma ordem judicial para reintegrar 75 delegados oficiais que supostamente foram proibidos de entrar em locais de votação na Filadélfia.
- Esta foi uma tentativa descarada da campanha de Obama para suprimir nossos observadores eleitorais oficiais na cidade, mas acabou frustrada - afirmou Rob Gleason, presidente do Partido Republicano da Pensilvânia.
As longas filas também foram motivo de preocupação sobre a possível desistência de alguns eleitores. Longas esperas foram registradas na Flórida, Virgínia e Ohio, todos estados-chave para a votação, assim como Nova Jersey e Nova York, que atingidos pelo furacão Sandy na semana passada. Os defensores dos Direitos Civis afirmaram que as longas filas ameaçavam se tornar um motivo de vergonha internacional para os Estados Unidos.
- Quando você olha para as filas que se formaram em locais como Ohio, elas são mais longas que as filas em Bagdá ou Cabul - afirmou Wade Henderson, presidente da Conferência de Liderança sobre Direitos Civis e Humanos.
Nas regiões mais populosas de Miami, o tempo de espera para votar variou entre 15 minutos e três horas. No domingo, um processo foi aberto pelo Partido Democrata contra a longa espera, pois em alguns locais onde reconhecidamente democratas como nos condados de Broward e Palm Beach o tempo teria sido maior com o objetivo de impedir ou evitar que os eleitores votassem. Autoridades eleitorais do estado, no entanto, disseram que a questão era discutível, porque os supervisores nos condados em questão abriram os locais de votação no domingo e na segunda-feira, após o período para os votos antecipados, para permitir que aqueles que não tinham votado ou que estavam ausentes tivessem a oportunidade de votar.
Outra reclamação na Flórida foi o tamanho das cédulas, que em alguns casos tinham 12 páginas. Entre outras coisas, os eleitores também tiveram que opinar sobre 11 propostas de emendas da constituição estadual, inclusive uma que pede o fim do programa de plano de saúde de Barack Obama.
Ken Detzner, o secretário de estado da Flórida, afirmou que a região, que possui 11,9 milhões de pessoas registradas para votar, pode ter um comparecimento recorde nessas eleições.
A Flórida também registrou problemas com os votos de estudantes que estão fora de sua residência eleitoral. Foi o que aconteceu na enorme Universidade da Flórida Central, em Orlando, onde diversos estudantes tiveram que usar cédulas provisórias, pois seus registros de votação listavam seus endereços foram da Flórida. Uma nova lei estadual pela primeira vez proibiu a mudança de endereço na hora da votação. Com isso os votos são serão válidos após uma verificação posterior.
- Neste momento isso está me deixando aborrecida. Se for perto o suficiente (a contagem de votos), eles vão valer. Neste momento parece que os dois candidatos estão próximos - afirmou Kristen Wiley, estudante do primeiro ano da universidade e moradora de Boca Raton, enquanto aguardava na fila por uma cédula provisória. Ela afirma que fez o pedido mas não recebeu a cédula de audência do condado de Palm Beach.
Telefonemas confusos na Flórida
Alguns eleitores foram surpreendidos com ligações confusas na Flórida nesta terça-feira. Centenas de moradores de Clearwater receberam mensagens automáticas nesta terça dizendo que eles deveriam votar até o fim do dia "amanhã", ou seja, quarta-feira. O jornal Tampa Bay Times apurou com um supervisor local das eleições que as ligações, na verdade, deveriam ter sido feitas na segunda-feira.
Vários problemas também foram relatados no estado de Nova Jersey, atingido pelo furacão Sandy há oito dias. Os servidores de computadores caíram, eleitores estavam tendo a identificação exigiada sem necessidade, alguns locais de votação abriram mais tarde e outros não tinham cédulas.
- Há apenas uma palavra para descrever a experiência em Nova Jersey: catástrofe - disse Barbara Arnwine.
Enquanto Obama era esperado para ganhar facilmente em Nova York, Nova Jersey e Connecticut, os estados mais afetados por Sandy, o baixo comparecimento às urnas pode expor as fissuras no sistema de Colégio Eleitoral arcano que decide a presidência. Com o empate virtual dos candidatos, de acordo com as pesquisas, o baixo comparecimento nos estados atingidos possa garantir a vitória de um candidato nas disputa por estados e a derrota no voto popular.
Na batalha pelo estado de Ohio, houve nervosismo sobre o papel das cédulas provisórias. Se os eleitores de Ohio tiverem pedido com antecedência as cédulas de ausência mas resolveram votar pessoal, eles são solicitados a usar a cédula provisória mesmo. Mas pela lei estadual, elas não podem ser contadas até dez dias após a eleição, afirmou um porta-voz da secretaria de estado. Em entrevista à CBN, o ex-governador de Ohio, o democrata Ted Strickland, afirmou que a contagem dessas cédulas pode atrasar o resultado.
Na última sexta-feira, o secretário de estado, o republicano Jon Husted, emitiu uma diretiva polêmica que determina que os comitês de eleitorais dos condados rejeitem essas cédulas caso elas não estavam preenchidas corretamente. Os grupos de Direitos Civis protestaram contra a decisão. Também foi aberto um processor contra os softwares instalados em cima da hora nos sistemas de tabulação em alguns condados de Ohio. O porta-voz do escritório da Secretaria de Estado, Matthew McClellan, afirmou que as preocupações eram 'ridículas'. Segundo ele, o programa não alterou nenhum sistema de tabulação ou máquinas de votação.


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