pesquisa
científica abrangente, cobrindo todas as áreas do conhecimento. Neste
sentido, duas iniciativas me parecem fundamentais. Primeiro, apoiar de
forma entusiástica e efetiva todas as instituições acadêmicas e
científicas localizadas na região e que vêm realizando um trabalho sério
e reconhecido por toda a comunidade científica. Este apoio pressupõe
ampliação significativa do número de instituições e crescimento do
número de pesquisadores e técnicos que atuam nas instituições já
existentes. Segundo, criar mecanismos que estimulem os grupos de
pesquisa localizados nas outras regiões do país a realizarem estudos
sobre a Amazônia brasileira, sempre que possível em associação com os
grupos que já atuam na região.
Um ponto que me
parece fundamental é o apoio às instituições que já atuam na região há
muitos anos. Menciono desde já o Instituto Nacional de Pesquisa da
Amazônia (Inpa), instituição vinculada diretamente ao Ministério da
Ciência, Tecnologia e Inovação. Uma análise da evolução desta
instituição localizada em Manaus
que, junto com o Museu Emílio Goeldi, localizado em Belém, representam
duas instituições basilares da ciência amazônica, nos deixa preocupados.
No período entre 2000 e 2010 o Inpa perdeu, devido a falecimentos,
aposentadorias etc, cento e setenta e nove pesquisadores e técnicos. E
no mesmo período incorporou em seu quadro apenas cento e trinta e oito
servidores, o que indica uma diminuição significativa da força de
trabalho institucional. Como o Inpa representa um dos principais centros
de formação de pesquisadores da Amazônia, o fato de não haver alocação
de um número substancial de vagas para concursos públicos vai contra
toda a expectativa da sociedade brasileira de ampliação dos nossos
conhecimentos sobre a Região Amazônica.
Cabe
registrar a necessidade de ampliação do número e da qualidade dos cursos
de pós-graduação na Região Norte do país no sentido de fortalecer a
formação de recursos humanos qualificados
para o estudo dos problemas da Amazônia. Os dados da Capes de 2010
indicam que apenas 3,2% dos cursos de doutorado no país estão em
instituições localizadas na Região Norte. Logo, é muito pouco provável
que a ampliação do estudo da região ocorra exclusivamente por doutores
formados na região. É fundamental criar mecanismos que incentivem a
migração de pesquisadores de outras regiões do país e mesmo do exterior
para atuar nas instituições locais.
No que se refere
à produção de conhecimento reconhecida na forma de artigos publicados
em revistas indexadas, é modesta a participação das instituições
localizadas na Região Amazônica. Apenas a Universidade Federal do Pará e
o Inpa encontram-se entre as cinquenta primeiras instituições
produtoras de conhecimento no país (vigésima nona e quadragésima oitava
posições, respectivamente) em 2010. Instituições como o Museu Goeldi e o
Instituto Evandro Chagas, ambas com larga tradição e que prestaram
relevantes serviços
à ciência brasileira, já ocuparam melhores posições no passado. Em
compensação, a Universidade Federal do Amazonas, que não pontuava entre
as cem produtoras de conhecimento em 2000, passou a ocupar a
quinquagésima oitava posição em 2010.
Do exposto, podemos
concluir que a tão propalada mensagem de apoio à ciência na Amazônia tem
sido apenas retórica. A única exceção que conheço é a atuação da Capes,
que tem assegurado bolsas para todos os estudantes que fazem cursos de
pós-graduação na região.
* Wanderley de Souza, professor titular da UFRJ, é membro da Academia Brasileira de Ciências e da Academia Nacional de Medicina.
A Região
Amazônica desperta em todos nós um interesse especial, bem como uma
preocupação permanente sobre o que lá ocorre face à sua importância para
a preservação do meio ambiente e riqueza da biodiversidade. Muitos
defendem uma posição de defesa intransigente do acesso à,
comprovadamente, rica biodiversidade amazônica, esquecendo que ela
também está acessível àqueles que desejam analisá-la nos vários países
que a compõem. Incluo-me entre os que acham que a melhor maneira de
preservar a biodiversidade amazônica é conhecê-la profundamente através
da
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